Por João Carlos, diretor da VELLENT e especialista na implantação de projetos de infraestrutura
Estamos iniciando 2022 com excelentes perspectivas para o setor de infraestrutura. Após anos, estamos finalmente olhando para dentro de nossas fronteiras no que tange a infraestrutura. Foco nos nossos problemas, nossos gargalos e nossas dificuldades.
É urgente esse olhar e ter atitudes.
Temos dificuldades no transporte da nossa produção do agronegócio, celulose, minério de ferro, no transporte de fertilizantes, na mobilidade urbana, no saneamento básico, fornecimento de energia, tratamento de resíduos sólidos, dentre outros.
Muitas dessas dificuldades são históricas. Ocorre que não podemos esperar mais. O setor produtivo se vê impedido de aumentar sua produção, pela falta de infraestrutura de transporte, de energia, armazenamento e portos.
Detentores de contratos de venda da sua produção ao mercado exterior, observou a necessidade de ser protagonista de ações antes da responsabilidade dos governos em relação à infraestrutura. Uma vez dadas as condições, o setor privado assume a execução dos investimentos.
Recentemente postei minha opinião neste artigo, sobre o Brasil se tornar um canteiro de obras, agora venho detalhar um pouco mais dessa visão.
Brasil, um canteiro de obras
Em 2021 muitas ações foram desenvolvidas, e seus impactos serão vistas esse ano e nos seguintes. Foi um ano de marcos regulatórios, projetos e licitações de ferrovias, rodovias, aeroportos, saneamento e energia. Um ano de estruturação de negócios.
Vamos aos projetos:
Para 2022 e 2023 teremos a concessão do último pacote de aeroportos federais com a sétima rodada (16 aeroportos), onde serão concessionados dois dos principais aeroportos do Brasil: Santos Dumont e Congonhas – as denominadas “joias da coroa”.
Teremos também as relicitações de Viracopos (o qual tive o prazer de liderar sua implantação), São Gonçalo do Amarante, e agora o Galeão.
De obras, temos os investimentos das últimas rodadas com aeroportos sob a responsabilidade de CCR, Vinci, Aena, Zurich, Fraport bem como os aeroportos regionais de São Paulo.
Seguiremos, em 2022, com a materialização do início dos projetos ferroviários do programa Pró-Trilhos (ferrovias autorizadas) e das ferrovias estaduais do MS e Nova Ferroeste. Continuarão as obras da FICO, FIOL e Norte-Sul. Quem sabe, Ferrogrão e Transnordestina também.
No âmbito das rodovias teremos as obras da Via Dutra, BR 153, BR 163 Norte, Trancerrados e a continuação de outras como a Rodovia dos Tamoios (São Paulo) com os contornos de Caraguatatuba e São Sebastião.
Duas outras obras importantes: BR 101 ES e o Contorno de Florianópolis.
Teremos ainda as licitações do Rodoanel (São Paulo), Rodoanel (Belo Horizonte), o Anel de Integração do Paraná com seus 6 ou 8 lotes e algumas rodovias estaduais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará e Rio de Janeiro.
Como novidade, as concessões de autoridades portuárias a começar pela CODESA (Vitória) sendo seguida por Itajaí-SC, São Sebastião-SP e Santos-SP, já em estágio de audiências públicas.
Os portos de Paranaguá-PR, São Francisco do Sul-SC e Rio Grande-RS, terão arrendamentos de importantes áreas. Temos ainda as obras de implantação do Porto Sul na Bahia e melhorias em Pecém e Suape.
Uma grande vitória para nossa logística: Ferrovias + Rodovias e Portos.
Na Mobilidade Urbana podemos destacar as obras das Linhas 2, 6, 15 e 17 do metrô São Paulo, os BRTs de Belém, Salvador, Goiânia, Cuiabá, Sorocaba-SP e ABC-SP, além do projeto do BRT Aricanduva, na capital paulista.
Temos ainda as obras de revitalização das linhas 8 e 9 da CPTM (São Paulo), recém-concessionadas e o “People Mover” entre a linha 13 Jade, também da CPTM, até Guarulhos.
Podemos esperar ainda, no que diz respeito a mobilidade urbana, a concessão do metrô de Belo Horizonte pela CBTU, os túneis Santos-Guarujá (já qualificado no PPI) e Itajaí-Navegantes, bem como a Ponte Salvador-Itaparica, em fase inicial de implantação. Temos ainda os projetos dos trens intercidades São Paulo/Campinas e São Paulo/Santos.
No saneamento, diversos projetos virão nos estados e através de pool de municípios. Está no pipeline desse setor a abertura de capital da Companhia Rio-grandense de Saneamento – Corsan (Rio Grande do Sul), projetos no Ceará, região metropolitana de Porto Alegre e mais um bloco em Alagoas. Esses três últimos em estudos pelo BNDES.
Quanto a novas obras no setor de saneamento, temos todo o plano de investimentos da concessão da CEDAE (Rio de Janeiro) e dos programas de Alagoas e Amapá, recém-concessionados, além de projetos menores em diversas cidades como Crato-CE e São Simão-GO.
No setor de energia, temos inúmeros projetos de energia renováveis – eólicos (onshore e offshore) e fotovoltaicos. Pode-se constatar isso no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2031 publicado agora em janeiro 2022.
Linhas de Transmissão também serão concessionadas e implantadas pela iniciativa privada.
Pode-se ainda citar projetos de concessões de bacias de irrigação, rodoviárias e terminais urbanos, parques, iluminação pública, presídios, hospitais e outros.
Tudo isso a ser executado e melhorado com investimento privado. Com esses projetos teremos empregos, movimentação de nosso parque industrial e outros inúmeros benefícios ao país, sem dizer a melhoria da infraestrutura, quando concluídos. Sendo assim, esperamos o crescimento das atividades de projetos de engenharia e implantação de obras trazendo para nós, profissionais do setor, uma boa expectativa de oportunidades.