Por João Carlos, diretor da VELLENT e especialista na implantação de projetos de infraestrutura.
Como todos sabem, acompanho dia-a-dia o mercado de infraestrutura brasileira. Salutar para mim esse acompanhamento, visto que atuo nesse setor desde 1986, passando por diversos momentos de crise e mudanças de mercado.
Linha do tempo da infraestrutura no país
O que dizer da mudança quando da promulgação da lei 8666 em 1993? Nadávamos em um mar calmo com a finada lei 2300. Uma turbulência atingiu o setor, mas pouco tempo depois já estávamos nadando para a frente de novo.
Nova mudança sutil, mas significativa ocorreu nos idos de 1996 com as primeiras concessões de rodovias (Ponte Rio-Niterói e Dutra), poucos enxergavam as mudanças.
Nem mesmo os precursores desse movimento sabiam o que aconteceria, nesse momento o objetivo era ter um ativo adquirido fora da lei 8666, com baixa concorrência e com bastante obra para se fazer.
Com o passar do tempo, viram que administrar pedágios era mais fácil e menos arriscado. Assim nasceram CCR, TPI, OTP, Eco rodovias, Invepar dentre outras.
Por volta de 2010, haviam muitas obras e concessões de aeroportos no exterior para a copa. Vivi intensamente essa questão ao liderar a implantação das obras do aeroporto de Viracopos-SP.
Daí, veio em 2014, o tsunami chamado lava-jato! Nova mudança no setor, dessa vez mais rigorosa e punitiva às empresas e pessoas físicas. Passados 7 anos estamos de novo em um recomeço.
Centenas de bilhões contratados em investimentos na infraestrutura de rodovias, portos, ferrovias, aeroportos e saneamento. Energia também, tanto na geração quanto na transmissão. Qual o desafio agora então?
Gente, time, organização, gestão, saber orçar e fazer. Marco regulatório também, assim como estabilidade política e econômica a longo prazo. Esse é o desafio que iremos enfrentar em breve.
Ganhar processos de concessão baseados em estudos econômicos e financeiros, é relativamente fácil. Basta ter crédito e agentes financeiros dispostos a correr risco.
O difícil é garantir que os investimentos imputados às concessionárias, sejam implantados nos prazos e custos previstos, e ainda com a qualidade esperada para durar o tempo da concessão e alguns anos mais.
Reorganizar os times de engenharia e gestão para viabilizar as implantações dos CAPEX é a grande questão. É isso que estamos eu, meus sócios e nossos inúmeros associados, fazendo desde 2018. Que venham os investimentos e as oportunidades, que o Brasil cresça com infraestrutura e equilíbrio!