Vou, nesse texto continuar a abordar a saga da infraestrutura do Brasil produtor. Dessa vez, abordando os estados de Goiás (GO), Mato Grosso (MT), Mato Grosso do Sul (MS) e a região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
Farei essa abordagem avaliando a também, saga, da Malha Oeste, um corredor ferroviário que sai da RMS (Região Metropolitana de Sorocaba) na qual tenho o prazer de viver, na cidade de Piedade, no estado de São Paulo, e chega a Corumbá, MS com ramal para Ponta Porã MS, construída em bitola métrica e com 1.945 km de extensão.
Esse corredor não possui interessados mas é, sem dúvida, vital para o Brasil.
Passa por cidades interessantes como Botucatu e Araçatuba em SP e Três Lagoas, Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã em MS.
Em Araçatuba realizei meu primeiro (e único) estágio em obra pela Andrade Gutierrez em 1987. Eram as obras da Bacia de inundação da UHE Três Irmãos. Inúmeras pontes de tamanhos e métodos construtivos diferentes. Tinha de tudo, Vigas Pré-moldadas, caixão perdido, forma deslizante, balanço sucessivo, avanço progressivo e outras. Uma aula de construção de obras de Arte Especiais (OAEs) desenvolvidas por meu mestre em engenharia Waldemar Yamashiro.
Foi nesse estágio, em Araçatuba, que conheci meu sócio, Guilherme Barbosa, também estagiário da AG à época.
Em Araçatuba havia a famosa “Praça do Boi” onde, segundo os nativos, se realizavam os grandes negócios da pecuária local.
Mas voltando à Malha Oeste, em fórum realizado em Campo Grande em 27 e 28 de maio, houve uma apresentação do Engenheiro Bento José de Lima, hoje consultor de ferrovias na Sysfer, mas que conheci como Presidente interino e Diretor de Operações da Valec – Engenharia, Ferrovias e Construções SA em 2015.
Na referida apresentação, Bento Lima apresentou a saga dessa linha ferroviária. Foi enfática no que tange a seu abandono relatado em capítulos tenebrosos quando se olha a logística brasileira no sentido oeste.
Bom, ainda fascinado com o que vi no interior de Goiás, Tocantins e Bahia quando das visitas em obras das ferrovias Norte Sul e FIOL enquanto Diretor de engenharia da Valec; ao conhecer a parte do MATOPIBA piauiense quando dos estudos da Rodovia Transcerrados; a conhecer o estado do MT quando da visita técnica realizada na BR 163MT de Sinop a Rondonópolis e, finalmente; conhecer o MS produtivo, vi a importância da ferrovia Malha Oeste.
Observe que, referida ferrovia, pode, em suma, ser a ligação do brasil produtor central, Goiás e Tocantins com os portos chilenos através do Corredor Bioceânico que, agradeço, passei a conhecer e a integrar como empresa, visto nosso contrato de atuar nesse.
Com poucas intervenções, podemos ter cargas oriundas de Rio Verde, GO, destinadas ao oriente, passando pela Malha Oeste. Para tanto, basta colocar um terceiro trilho na FNS (existente e a implantar) entre Rio Verde, GO, e Araçatuba ou Andradina, SP, permitindo que as composições métricas percorram esse trecho.
Ainda pensando na saga dessa ferrovia apresentada pelo Engenheiro Bento Lima em Campo Grande, entendo que um novo vetor de desenvolvimento, deve ser avaliado.
Ao Incorporar a Malha Oeste ao projeto do Corredor Bioceânico, fomentamos a possibilidade de exportação através de portos do Oceânico Atlântico e do Oceânico Pacífico.
A visão continental do Brasil e sua importância deve ser implementada por investidores privados com apoio dos países envolvidos: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
Passei a ser, após a visão adquirida em MS defensor da Malha Oeste.
Fomos colonizados no leste e por lá reabastecíamos a colônia e os mercados consumidores da época. Pelo leste, ainda, fazemos turismo seja para a Europa, seja para a costa leste americana.
Eu mesmo até a pouco defendia a importância do corredor ferroviário FICO – FNS – FIOL, ou seja, origem de carga no oeste com destino ao leste. Ainda defendo mas, agora, com uma visão de partilha: parte da carga vai para o leste mas grande parte deve ir para o oeste.
É no oeste que está o grande mercado consumidor. São mais de 2 bilhões de pessoas querendo nossa produção mineral e, principalmente, alimentos (grãos e carne).
É lá que devemos chegar de forma rápida, barata e com qualidade. Nossa vocação de “Celeiro do Mundo” como dizia o governo Vargas, passa por produzir e viabilizar o consumo. Temos hoje número absurdo de perda da produção com a deficiência de logística, seja ela de armazenamento e ou transporte.
Espero que, investidores, produtores e operadores tenham essa visão e olhem, com a devida importância, a Malha Oeste, essa importante ferrovia de integração continental. Por ela ligaremos de forma fácil o Atlântico ao Pacífico. De nossa parte é atuar e trabalhar para que, de forma competitiva, se viabilize esse corredor de integração em solo nacional através da Malha Oeste.