A INFRAESTRUTURA E O SETOR PRODUTIVO

Desde que criamos nossa empresa para atuar no setor de infraestrutura temos a visão de que o caminho de crescimento de nossa infraestrutura logística e de energia passa pelo envolvimento direto do setor produtivo, especialmente o agronegócio.

Umas das primeiras reuniões que fizemos já como novos empresários foi justamente com representantes desse setor.

Nossa visão à época era de que o setor do agronegócio, assim como já faz o setor de mineração, deveria, em breve, assumir a batuta da logística de transporte de cargas para seus produtos bem como a geração de energia própria. Na época pensávamos em PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas).

Isso era início de 2018.

Bom, essa visão se devia ao fato de termos a oportunidade de conhecer o agronegócio ao redor da Ferrovia Norte-Sul e o mesmo agronegócio na região do entorno da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste Leste) no estado da Bahia. Área do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Uma fronteira agrícola envolvendo parte desses estados e assim denominada.

Havia também a mineração na Bahia, mas esse setor já atua na gestão quase que plena de sua logística. São atualmente os responsáveis pela concessão de parte da FIOL e atuam na construção do Porto Sul, em Ilhéus, BA.

Bom, eis que veio 2021 e, através de um trabalho desenvolvido para a concessão da Rodovia Transcerrados, conhecemos melhor o MATOPIBA Piauiense.

Mas nada se compara ao que conhecemos em 2022 através de dois contratos obtidos pela empresa, os quais atuo diretamente: Um projeto rodoviário no MT (Mato Grosso) e um projeto ferroviário no MS (Mato Grosso do Sul).

Através desses contratos, percorri o estado do MT de Sinop a Rondonópolis, 855 km, passando pelo município de Sorriso, o maior produtor de grãos do Brasil. Uma região pujante na produção de grãos. Em suas estradas trafegam grande parte dos grãos produzidos no Brasil. Em Rondonópolis conheci o Terminal Rodo-Ferroviário ali instalado. Uma estrutura digna de admiração.

Mais recentemente ainda, fomos convidados a integrar um time competente que está desenvolvendo trechos ferroviários para viabilizar o Corredor bioceânico Brasil/Paraguai/Argentina/Chile. O objetivo desse projeto é o escoamento de produtos brasileiros para a Ásia através dos portos chilenos, principalmente Iquique e Antofagasta. Da mesma forma, ser porta de entrada de produtos orientais para o mercado desses países.

Iniciamos esse projeto participando do “1º Fórum dos Municípios do Corredor Bioceânico” realizado em Campo Grande, na quinta e sexta-feira, 26 e 27 de maio de 2022 na Assembleia Legislativa de MS.

Findo o fórum, fomos para o trecho.

Percorri, no final de semana subsequente, 28 e 29 de maio, quase 1.500 km entre estradas muito bem construídas, sinalizadas e conservadas bem como estradas vicinais e de fazendas em ótimo estado de manutenção.

Saímos de Campo Grande rumo ao pantanal mato-grossense andando, por mais de 3 horas ininterruptas sob a paisagem do milho. Plantações de se perder de vista de milho ao longo de toda a extensão desse primeiro trecho. Estamos na época da segunda safra, a de milho. A soja foi colhida entre os meses de janeiro e fevereiro (assim disseram meus clientes que me apesentavam seu projeto).

No Brasil do agro, temos 3 safras por ano: Soja (de out a jan), Milho (fev a mai) e, a safrinha (milho em menor quantidade entre jun a set) ou, em algumas regiões do MS, pasto para o gado. Assim disseram meus anfitriões em MS.

Chegando a nosso destino, percurso esse de mais ou menos 5 horas em estradas muito bem pavimentadas, passamos a percorrer o trecho, onde será implantado parte do projeto ferroviário brasileiro, em estradas vicinais e/ou das grandes fazendas da região.

A visão do entorno mudou. Agora só se vê pequenos focos de mata, pasto e gado.

Estávamos no meio do pantanal. Não conhecia a região. Fiquei impressionado com a grandiosidade das fazendas e o aproveitamento de suas terras. Tudo faz parte de um ecossistema produtor. Tudo. Nada ali é desperdiçado. Tudo se dá através de uma lógica produtiva. É um mundo de negócios desconhecido para quem vive em regiões urbanas.

Durante os quase 3 dias (inclui-se aí parte da segunda-feira, 30 de maio, data em que retornamos para Campo Grande e depois SP), tive a oportunidade de conhecer Ministro do Itamaraty, Senador Chileno, prefeitos de municípios brasileiros e paraguaios, gestores de ferrovias paraguaias, argentinas e chilenas e também, gestores dos portos de Iquique e Antofagasta.

Inclui-se nesse cardápio, diversos produtores e agentes de negócios da região.

O tema principal, logicamente, era logística. Me surpreendeu ao saber que existem cursos superior em faculdades no interior do MS com formação em logística. Isso demonstra o valor que o tema tem sobre os produtores locais.

Assim como vimos e desenhamos em 2018, no início de nossa empresa, os investidores e produtores do agronegócio estão se mobilizando para assumir sua cadeia produtiva e de negócios em sua totalidade: do campo ao prato do consumidor, passando por armazenagem, logística de transporte de cargas e portos para a exportação. Falam das facilidades e dos gargalos com profundo conhecimento. Planejam, pensam na melhor logística, avaliam sinergias e, o melhor, partiram para a ação.

O que vi percorrendo esse interior brasileiro, desde à época da Valec onde, como já citei, conheci BA, GO e TO e agora MT e MS, sempre falando e respirando infraestrutura, é de se repensar na força de nosso país.

Para quem vive infraestrutura, poder conviver com o Brasil produtor e, assistir, ali, de perto, seus gargalos é uma motivação a mais, bem como incrementa nossa responsabilidade.

Temos muito a fazer. Temos muito a contribuir. Temos gargalos a serem resolvidos, mas temos todo o conhecimento e disposição para trabalhar no sentido de resolver esses gargalos.

Voltei com uma injeção de motivação e com muito mais disposição para fazer.

E vamos fazer!

Em tempo: gostaria de registrar a hospitalidade pantaneira e de todo o MS. Fomos acolhidos por todos com muito carinho e com iguarias da melhor qualidade.

João Carlos Gomes
Um blog voltado para opiniões e comentários sobre projetos de infraestrutura brasileiros e suas histórias, relatadas por quem ainda ajuda e outros que ajudaram a fazer.

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